Pesquisa usa videogame para medir dor crônica nos EUA

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Jogos coletam dados de movimentos dos pacientes, ajudando a indicar o melhor tratamento

PUBLICADO EM 07/06/13 – 03h00

ASHLEY SOUTHALL
THE NEW YORK TIMES
Do Jornal O Tempo
Danica Zimmerman, 14, precisou ir a mais de 20 médicos para então receber o diagnóstico correto

Washington, EUA. Os videogames estão se mostrando um aliado na solução de mais um problema de saúde: a dor crônica. O TubeRunner é um dos quatro jogos com temas galácticos desenvolvidos especificamente para o Complexo Médico de Tratamento da Dor, em Washington, nos Estados Unidos. Lá, especialistas da dor e desenvolvedores de jogos estão elaborando uma forma efetiva de medir a dor.
A médica responsável por essa iniciativa, Julia Finkel, espera que, usando dados técnicos dos jogos e de atividades interativas para identificar objetivamente e monitorar a dor, seja possível determinar as técnicas usadas para o tratamento. O ponto central do esforço para quantificar a dor, segundo Julia, é uma caixa preta retangular com três olhos que espreitam por trás da tela. Essa caixa já foi um Kinect, dispositivo sensor de movimentos que permite que os usuários controlem os jogos usando gestos e comandos de voz.

O dispositivo está sendo usado no paciente Reilly, 15, que sofre de síndrome de dor crônica regional, que começou na perna esquerda e se espalhou para outras partes do corpo. O garoto sente uma dor constante e forte, além de ter mudanças patológicas nos ossos e na pele, suor excessivo, inchaço e sensibilidade extrema ao toque.

Dados. O mais importante, para a médica, foi o rastreamento em três dimensões que o aparelho fez de 24 pontos no corpo do jovem, fornecendo dados sobre seus movimentos – ângulos, distância, velocidade, frequência – para um banco de dados seguro. Um software feito sob encomenda mede seus batimentos cardíacos e converte todos as informações para um gráfico que pode ser visto por um fisioterapeuta em um tablet em tempo real.
“Já que é informação digital, nós podemos manipulá-la, entendê-la e analisá-la. Então, de um ponto de vista de pesquisa, é um baú do tesouro de informações que podem nos ajudar a formular novas técnicas para tratar esses pacientes”, explica a pesquisadora.

Difícil. Danica Zimmerman, 14, foi a mais de 20 médicos por causa da queimação que começou, no ano passado, em sua mão direita e rapidamente se espalhou para os outros membros. Muitos médicos chegaram a dizer que ela estava imaginando a dor que lhe forçou a parar de praticar natação e a recusar abraços.

Finalmente, ela foi diagnosticada com distúrbio simpático-reflexo, outro nome para a síndrome da dor crônica regional. No complexo médico, presa a um frasco de analgésico, ela foi colocada para brincar com um jogo de meteoros.
A diretora do complexo, Sarah Rebstock, conta que é normal seus pacientes adolescentes irem a vários médicos antes de obterem um diagnóstico correto.

A Academia Nacional dos EUA estima que cerca de 100 milhões de adultos no país sofra de dor crônica. Os empregados dos hospitais afirmam que de um quarto a metade das crianças com menos de 18 anos têm dor crônica que dura mais de três meses. “Os médicos não costuma reconhecer a dor como uma patologia. Então, os pacientes acabam indo a vários profissionais tentando descobrir o que está errado”, explica.

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